|  | LendaAlerta às mulheres: absorventes íntimos |
A mensagem circula em vários idiomas e em português existem duas versões: uma brasileira e outra da Terrinha.
Nem tudo o que elas dizem é verdade e nem tudo é mentira. Aqui e acolá, elas trazem um pouquinho de verdade, mas, no todo, é coisa para se desconfiar.
Como separar o falso do verdadeiro?
O melhor mesmo é conversar com o seu médico. Mas enquanto você não conversa com ele...
Sim, as duas versões do texto também fazem propaganda de produtos naturais e a versão brasileira propagandeia o keeper.
Versão inglesa menciona Karen Houppert, não uma médica ou pesquisadora, mas uma jornalista americana, licenciada em literatura, autora de livros sobre menstruação.
Outra versão inglesa circula com a assinatura de Stephanie Baker, pesquisadora da Universidade de Illinois (Urbana - Champaign) - EUA. Foi mais uma caso de descuido.
Ela encaminhou a mensagem para alguns amigos e só depois percebeu que o programa gerenciador de mensagens punha, automaticamente, a assinatura na mensagem enviada. Ficou como se o texto fosse de autoria dela e houvesse o respaldo do pesquisador, com quem ela trabalhava, e da Universidade de Michigan. Stephanie Baker teve de se desculpar e dizer que o texto não era de autoria dela. Apesar das explicações, até hoje, o texto com o nome dela circula pela Internet.
Quem lê a mensagem pode ficar impressionado/a com os perigos dos absorventes íntimos, pois eles receberiam uma dosagem de asbesto com a finalidade de aumentar o sangramento. O asbesto é uma das apresentações comerciais do amianto, substância reconhecida como carcinogênica pela Organização Mundial da Saúde.
Apesar de banido dos países desenvolvidos, produtos de amianto continuam sendo fabricados na Tailândia, Nigéria, Índia, Angola e Brasil. Grandes empresas sediadas nos países industrializados mantêm suas indústrias em países do terceiro mundo. |
Não dá para acreditar que se adicione, aos absorventes, uma substância que tem a finalidade precípua (epa!) de aumentar o fluxo menstrual.
Ao mencionar 'dioxina', a mensagem tenta transmitir a impressão que existe uma, e somente uma, dioxina. Na verdade, existem mais de duas centenas delas. A TCDD ou TCCD (2,3,7,8-tetrachlorodibenzo-p-dioxin) é considerada a mais tóxica e perigosa de todas.
Ao mencionar a substância e os riscos, a mensagem não cita nem o tipo de dioxina nem a sua suposta concentração nos absorventes.
É verdade que algumas dioxinas são cancerígenas e que a Endometriosis Association afirma haver uma correlação entre a exposição à TCCD e a ocorrência de endometriose. Isso não significa, todavia, que essa toxina esteja comprovadamente presente, em dosagem potencialmente perigosa, nos absorventes íntimos.
Logo no início, a versão brasileira traz o suspeitíssimo apelo:
passe essas informações que se seguem para o maior número possível de mulheres! |
Em seguida, menciona absestos. Absestos não existe e, certamente, a amável e anônima missivista pretendesse dizer asbestos, uma das formas comerciais do amianto. Outra tentativa de tornar a mensagem confiável e a referência a uma mulher sem nome:
Uma mulher que está recentemente fazendo doutorado na Universidade do Colorado, Boulder, mandou a seguinte mensagem: |
Um texto sério daria o nome e a qualificação profissional dessa mulher. E diria a quem a mensagem teria sido enviada. Tem mais.
Está recentemente? O que isso significa?
Logo adiante vem mais uma pérola:
Neste mês, durante as aulas, estou me informando muito sobre a mulher e sobre biologia, |
É estranho que essa mulher tenha ido se 'informar' sobre biologia num curso de doutorado.
Mais uma referência imprecisa: setembro de que ano? Qual a referência do documento expedido pela EPA - Environmental Protection Agency?
As mensagens tornam-se suspeitas em razão da presença de alguns pontos imprecisos. A versão que circula em Portugal diz: 1. Uma mulher da Universidade do colorado Um texto responsável diria o nome e a qualificação profissional dessa mulher.
2. O Dioxin é potencialmente cancerígeno, tóxico para os sistemas reprodutivos... Não se menciona o tipo de dioxina presente no material. Existem mais de duas centenas de dioxinas, algumas delas realmente cancerígenas.
3. Em Setembro do ano passado,... De que ano? Por que não informar uma data precisa?
4. Quando as fibras dos tampões ficam no interior da vagina ... cria-se um terreno de reprodução do Dioxin. Dioxinas são substâncias, não possuem vida e, portanto, são incapazes de se reproduzir. (A versão brasileira fala em ambiente propício para que a dioxina se desenvolva: também uma imprecisão.)
5. Ao final do texto, vem a verdadeira mensagem: Usa tampões que sejam fabricados em 100% algodão.
É propaganda de produtos naturais disfarçada numa mensagem? É inapropriado falar de propaganda disfarçada. É propaganda, sim.
A mensagem toca num ponto importante e muitas vezes desprezado: a poluição causada pelos milhões de absorventes, e as suas embalagens, jogados no lixo todos os anos.
Produtos naturais são absorvidos mais rapidamente e causam menor impacto sobre o meio ambiente. Disso ninguém duvida. (Mas não dá pra acreditar nessa história de o fabricante adicionar asbesto para aumentar o sangramento e, portanto, aumentar o consumo dos absorventes.)
Conclusão: converse com o seu médico, peça a orientação de um especialista e não vá na conversa de 'uma mulher' sem nome e sem profissão definida.
Mensagens contendo o alerta. Versão brasileira.
Versão portuguesa.
Outra versão brasileira.
Versão de novembro de 2006.
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