Mas tal afoiteza não passou em branco. Protestos contra a empresa foram feitos durante visita de presidente dos EUA. Centenas, ou milhares, de pessoas protestaram em frente ao hotel onde o presidente se hospedou.
Senador do PSDB, partido que patrocinou as privatizações na década de 90, pronunciou veemente(!) discurso no Senado Federal protestando contra a atitude da empresa. Infelizmente, as declarações de sua excelência não mais encontram-se disponíveis. Ao tentar ler o discurso, deparamos com a seguinte mensagem:
The resource cannot be found.
Description: HTTP 404. The resource you are looking for (or one of its dependencies) could have been removed, had its name changed, or is temporarily unavailable. Please review the following URL and make sure that it is spelled correctly.
Requested URL: /noticias/ultimas/verNoticiaUltimas.aspx
Imaginem só, ao tentar localizar discurso contra a privatização da Amazônia, vê-se aviso em inglês. No sítio do Senado Federal.
No Senado Federal, na Câmara dos Deputados, em jornais e em sítios da Internet: o protesto foi generalizado. Além de deputada federal, de governador e de senador, jornalistas, deputados e deputadas estaduais e muitos do chamado "público em geral", todos se uniram em defesa da Amazônia e abominando mais um crime contra a soberania nacional.
A página da Arkhos Biotechnologies ou Arkhos Biotech existe. Os filmes existem. A empresa não existe.
Trata-se de campanha criada pela AMBEV, fabricante de cerveja e de refrigerantes, apoiada em marketing viral. A empresa cria o filme, joga na rede e internautas indignados enviam o filme adiante. A divulgação do produto corre fácil e sem custo para o anunciante.
A Antarctica diz que
"... aderiu a uma ferramenta de marketing inovadora e diferenciada, o ainda pouco explorado alternate reality games (ARGs), jogo que convida os consumidores da marca a desvendar um mistério. A ação gira em torno da fórmula secreta do Guaraná Antarctica. A personagem vilã do jogo é a Arkhos Biotech, uma empresa que declara a intenção de transformar a Amazônia numa reserva sob controle privado. A história é fictícia, mas espelha uma preocupação real do Guaraná Antarctica em relação à preservação da Amazônia, região de origem do fruto do guaraná. Essa é uma ação pioneira no Brasil, realizada em parceria com a Editora Abril."
O vídeo e a campanha foram lançados em 2007, mas quatro anos depois ainda é motivo de preocupação.
Mas não há necessidade de se preocupar com a Arkhos Biotech e seus interesses excusos. É tudo ficção. Quer dizer, a empresa é fictícia. Sendo fictícia, não pode ter interesse na Amazônia. Mas empresas reais, travestidas de ONG ou usando outros disfarces e também sem disfarce nenhum, têm, de fato, interesse na Amazônia.