Lendas e folclore da Internet. As pulhas virtuais.

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Conto do vigário, golpe de vigaristas. Exército norte-americano tortura Saddam Hussein. Veja o vídeo

Não veja o vídeo, mas ganhe um trojan.

A mensagem é insidiosa e contém alguns ingredientes interessantes.

Num primeiro olhar, ela parece ter sido enviada pela Folha OnLine do jornal Folha de São Paulo. Os banners são originais e remetem para páginas da Folha.

Os apelos são fortes. De um lado, a credibilidade de um órgão de imprensa. Do outro, o desrespeito aos direitos humanos, coisa banal em se tratando da oil gang.

Tudo parece normal e verdadeiro, mas, ao ler o texto-denúncia, topamos com algumas pérolas. Uma delas é a palavra examinação.

Examinação?

Examinação não é palavra de uso comum. Caldas Aulete a registra, mas o Aurélio deixou-a de lado. Tradução apressada de examination? Pode ser.

Outra preciosidade é o período. Não o de tempo, mas o gramatical.

A leitura do período, único, da mensagem nos faz perder o fôlego. Mas não é devido às atrocidades dos "heróis" do exército americano a destruir e a matar o povo iraquiano. Também não é pela desigualdade das forças beligerantes.

O fôlego se esvai por conta da desigualdade das forças gramaticais: noventa palavras contra três vírgulas. E um ponto ao final. Ufa!

O estilo não é próprio de um jornal. Nenhum jornal.

Mas quem se dá ao trabalho de prestar atenção a essas insignificâncias?

Quem clicar no link para ver a sessão de tortura vai se decepcionar. No lugar do sanguinário ex-ditador iraquiano sendo exemplado e torturado pelos bravos soldados defensores da democracia e da liberdade, o internauta ganha um programa malicioso de presente.

Será que também não tem outra coisinha por aí? Como, por exemplo, a curiosidade e o desejo incontidos de 'apreciar' uma sessãozinha de tortura sem ser visto por ninguém?

Afinal de contas os norte-americanos são bons nisso, todos sabemos. Eles já mandaram até especialistas ao Brasil pra ensinar os esbirros da redemptora a obter informações do inimigo.

A mensagem é o que os de língua inglesa chamam de phishing. Essa palavra pode ser traduzida como isca. Isca pra pegar otários e internautas descuidados. (Phishing é uma palavra nova e ainda não se encontra nos dicionários on-line Webster e Dictionary.com.)

Quem clicar no link contido na isca, vai ser conduzido para uma página da web onde se esconde um programa executável. Se o descuidado e curioso internauta fizer o download do programa, que ele supõe ser um vídeo, e se vier a executá-lo, algo de ruim vai acontece ao seu computador. Podes crer :))

Nunca é demais (re)lembrar: nenhuma empresa séria, nenhum jornal sério envia notícias ou mensagens para quem não as solicitou. Isso de mandar mensagens pra o mundo todo, a torto e a direito, quem faz é spammer e vigarista.

O programa executável que se encontrava em http://www.bywordonline.com/ nmain.exe foi removido pela equipe de suporte do provedor.

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Mensagem original.

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